Termos surgiram na França de Luis XV

Esses termos surgiram na primeira fase da Revolução Francesa, quando as classes mais baixas da burguesia procuravam o apoio da classe mais pobre da população para diminuir os poderes do clero e da nobreza. Quando a Assembleia Nacional Constituinte foi montada para que uma nova Constituição fosse produzida e reformas urgentes acabassem com privilégios e dívidas que minavam a sustentação econômica do estado, houve uma divisão espacial de interesses.

As classes mais abastadas, que eram contra qualquer mudança (funcionários reais, clérigos, nobres proprietários de terras e burgueses enriquecidos) decidiram sentar-se à direita no plenário, enquanto à esquerda sentavam-se os trabalhadores mais pobres, pequenos e médio burgueses e demais simpatizantes da reforma.

Distinções são polares mas linha divisória pode ser nebulosa

Os termos atravessaram os tempos simbolizando a conservação dos interesses e privilégios da classe dominante politicamente (direita) e a orientação reformista com benefícios para as classes menos privilegiadas da sociedade (esquerda) – ou a democracia liberal (garantia de serviços essenciais sem grande interferência do estado na economia) x social-democracia (maior participação do estado na vida social).No entanto, há ainda uma leitura que corresponde a quem está na situação (defensores do governo em vigência – direita) e quem está em oposição (contra as ações de quem está no poder – esquerda) uma perspectiva que varia em razão das transformações dentro de um determinado contexto político. Dessa forma, um partido de ideologia de esquerda ao chegar ao poder estaria ocupando uma posição de direita ou vice-versa.

Alianças e jogo de interesses podem representar valores contraditórios

De uma forma geral, no entanto, é preciso entender que, apesar da versão histórica, a própria História mostra que a definição de direita e esquerda é mutável, principalmente pelo jogo de interesses que compõe a própria política. Partidos ditos de uma ou outra ideologia, na prática, de acordo com o momento, com as instâncias e com seus próprios interesses podem apresentar valores contraditórios ou alianças impensadas, tornando estes termos relativos e também não-permanentes.

Com linhas divisórias nem sempre tão simples de serem identificáveis, em tempos de calmarias democráticas muitas pessoas ainda habitam posições centrais, mas os termos direita e esquerda devem ser usados como referenciais, com a esquerda assumindo um papel mais questionador e reformista do “status quo”, e a direita com características de permanência da situação. Ambas, entretanto, podem ser revolucionárias na busca pelo poder, tanto na garantia dos direitos e privilégios de uma minoria elitizada quanto pela democratização dos direitos sociais e trabalhistas e maior distribuição de renda.